Deitado em sua cama, o pai procurava de alguma forma
entender porque a sua vida caminhava para um precipício. Seu corpo já não
respondia aos estímulos externos, seus olhos não expressavam nada além de
amargura. Olhando para o teto, pode refletir sobre sua vida, seus erros – que ultimamente
superavam os acertos. Acabara de perceber que estava sozinho no meio da
multidão. Largara sua esposa e filhos para viver uma promessa de “vida
diferente” com outra pessoa. Como disse anteriormente: promessa.
-Filha, tenho uma coisa para te contar... – Disse o homem
enquanto levava a filha (de coração) de uma vez por todas de volta para a casa
da mãe depois de quatro meses morando naquela cidade diferente e onde fazia um
curso que não gostava.
- O que está acontecendo entre você e a mamãe? – Ela perguntou
ao mesmo tempo, almejando de uma vez por todas entender a confusão que se
passava em casa.
- ...Estou namorando.
– Ele continuou a sua frase. – Eu e sua mãe não estamos mais casados.
Por alguns segundos, ela se manteve calada, pensando numa
possível resposta. Como era possível ele terminar um relacionamento de muitos
anos, sendo fruto deste dois filhos lindos, e já ter engatado um romance com
outra pessoa que tinha conhecido há, sei lá, alguns meses?
- Bom, e ela já sabe? – Foi a única coisa que conseguiu sair
de sua boca naquele momento. Mas no fundo, queria “vomitar” mil e uma palavras
ofensivas, mas desnecessárias. Queria preservar seu irmão mais novo que estava
no banco de trás.
- Disse para ela que não estamos mais juntos. E acho bom ela
encontrar alguém para refazer a vida dela.
Homem. Homem e covarde. Homem, covarde e irresponsável.
Ora! Precisou encontrar alguém para se apoiar para poder encerrar um outro
relacionamento. Incapaz de se comover com a família.
Pai e mãe sempre lutaram juntos. Juntos contra uma família que
sempre os desvalorizou, ele havia assumido o papel de pai da filha de uma mãe
solteira. Lutaram contra ironias, preconceito, desrespeito e desonra. Passaram
por grandes crises... Mas sempre estavam ali, juntos.
Apesar dos desentendimentos, os filhos viam naquela relação companheirismo e
cuidado para com eles.
Então, enfiando os pés pelas mãos mais uma vez, quando as
coisas em casa pareciam que tomavam um rumo diferente, ele resolveu se envolver
com outra. Não o bastante, foram os filhos que descobriram.
Saiu de casa, mas deixou as suas coisas lá. E isso é
separação? E abandonou os filhos.Como que se fugir dos problemas e se afastar fosse resolver a situação. Simplesmente partiu e nunca mais ligou para
dizer palavras de apoio, para demonstrar preocupação ou perguntar se eles
precisavam de alguma coisa. E os filhos, chateados com a isso tudo e vendo a mãe
preocupada em lhes dar todo o suporte do mundo, tirando forças de suas
fraquezas, não queriam e não podiam ouvir o nome do indivíduo. Tinham raiva,
misturada com revolta e decepção.
O bom pai, que tinha escolhido adotar uma filha de coração
aberto, que brincava com os filhos nos finais de semana, mostrava um lado nunca
antes visto: de sua boca só saiam cobras e lagartos. Acusações.
Enquanto se preocupava em culpar a ex-esposa por tudo de
ruim que começava a se apresentar em sua vida (O plantio é opcional, mas a colheita é obrigatória). Os filhos sofriam. Ela sofria os
vendo sofrerem.
Depois de superarem a falta de um pai que sempre foi presente,
a vida começava a entrar nos trilhos novamente, eles se uniram mais do
que nunca e aprenderam a conviver com essa ausência antes tão presente. Os
sorrisos que antes eram escassos, apareciam com mais frequência. E a vida continua. Os filhos pródigos e dedicados estavam cuidando com carinho daquela que
sempre os acolheu, respeitou e protegeu. E ela se fortaleceu e devolveu vida aos olhos daquelas "crianças".
Saibam, meus amigos, não há história mais triste do que aquela em que você mesmo liberta as suas mazelas. Se pudesse dar um conselho às pessoas de todo o mundo, ele seria: Ame e proteja incondicionalmente seus pais e filhos, pois não há sentimento mais nobre e verdadeiro do que este.
E o protagonista dessa história? Depois de ter vivido só de promessas, rodeado de falsos amigos e de verdades inventadas, bom,
hoje em dia deixou de ser protagonista dessa verdadeira história de amor para
se tornar coadjuvante de um drama qualquer - poderia afirmar que sem final
feliz, não fosse pela índole dos filhos que tem.
Adorei ! Embora o final não seja o idealizado, típico dos contos de fadas, retrata a realidade de muitas famílias. Às vezes por falta de diálogo e textos tão claros como este. Mas o importante é que a vida sempre continua, e amadurecemos quando somos capazes de dar significados às coisas que nos acontecem e retirar disso um aprendizado! ;)
ResponderExcluirSomos responsáveis por nossas escolhas, a vida nos ensina isso.
ResponderExcluirAcho que pai e mãe são o alicerce da boa convivência em uma casa...essa é mais uma hist que retrata o que se repete na vida de mutia gente!
ResponderExcluirÉ a realidade de muita gente, infelizmente a vida não é perfeita, como consequência agente tem que adaptar as condições que ela nos impõe.
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