Era um sábado e eu estava sozinha
em casa porque minhas amigas viajaram para o sítio da Tina, aquela semana tinha
sido bastante pesada, cheia de tribulações na família e tarefas na faculdade,
uma viagem seria o suficiente para me tirar dos trilhos e me cansar ainda mais.
Meu corpo e minha mente pediam descanso e um tempo reclusos em casa. Nada
melhor do que tomar um chá com torradas e assistir a qualquer besteirol na TV
na companhia da Mimi, minha linda e aconchegante gata.
Estava esquentando a água para
preparar o meu chá, quando abri o armário da cozinha e reparei que todo o chá
da casa havia acabado. Puxa, vida! Era tudo o que eu não queria naquele
momento! Não me abalei, respirei fundo e criei coragem. Precisava comprar
alguma coisa para o almoço do dia seguinte e a pasta de dente já estava
acabando... Já resolvia isso tudo numa única ida ao supermercado. Peguei a
chave do carro e saí. Lá fomos nós, eu e o meu cansaço às compras.
Entrei no supermercado, com um
sorriso rasgado no rosto, precisava me convencer de que estava de bom humor.
Atravessei aquele mar de gente, peguei a pasta de dente que vi numa propaganda
que prometia 14 benefícios para a boca. “Eles estão evoluindo!”, pensei.
Comprei uma ração para a Mimi e parei para escolher uma caixinha de chá. Fiquei
em dúvida e acabei pegando uma de camomila, uma de mate e outra de hortelã.
Sim, sou apaixonada por esses sachezinhos mágicos!
Fiquei pensando no meu almoço.
Congelado ou comida de verdade? Bom, iria passar na sessão de congelados, se
caso alguma coisa me interessasse (ou a minha preguiça se apegasse a alguma
daquelas opções) sairia dali direto para a minha linda casa.
Olhei para uma torta de frango
que estava no freezer, fui com a mão para pegá-la, me preparando para sentir
aquele frio, quando, de repente: quente! Macio!
Encostei numa mão que estava querendo a mesma torta que eu. E era a
última. Estava pronta para iniciar uma luta pela minha sobrevivência no almoço
do dia seguinte, quando me deparei com aqueles olhos conhecidos: Era o cara que
eu tinha livrado de uma confusão na calourada do final de semana passado.
- Ei, você é a...? – Começou a
pergunta meio desconcertado. Acho que ainda sentia vergonha pelo fato de ter me
conhecido bêbado, mas tão bêbado, que não conseguia nem organizar as palavras
numa frase...
- Raquel! – Completei. – Achei
que poderia te encontrar na parte de bebidas, mais especificamente na sessão de
cervejas... – Ironizei.
- Nem me fale em cerveja! Ainda
estou muito bolado por você ter me conhecido daquele jeito! – Sim, ele estava
envergonhado! – O que você faz perdida na sessão de congelados em pleno sábado?
Não vai me dizer que está sozinha em casa e ficou com preguiça de cozinhar o
jantar, que nem eu... Logo você com essa cara de baladeira...
- Meia verdade! Estava à procura
do meu almoço de domingo! Vim comprar uns chás para me jogar na frente da TV e por
lá ficar até amanhã. E você vai arrumar o que nesse sábado bombante? Festa...?
- Que nada, peguei esse filme na
locadora aqui do lado e vim comprar alguma coisa pra jantar, sabe... – Reparei
que era um filme policial que eu queria ver já tinha um tempo...
Então, sem pensar, joguei as
seguintes palavras para ele segurar, o que ele faria com elas? Não sabia.
- Então, que tal a gente sair
dessa depressão de final de semana? Fazemos um jantar de verdade e vemos o
filme... Que que "cê" acha?
Ele se assustou. Eu e
meu dom de intimidar as pessoas. Nessa proposta já tinha mostrado cinco aspectos
da minha personalidade: Impulsiva, direta, gosto de filme de ação, não gosto de
ficar sozinha e sei cozinhar. Odeio ser assim, mas, fazer o quê... Já tinha
falado. Ele aceitou prontamente! Aí eu me assustei.
Passamos na sessão de massas,
compramos ingredientes para fazermos um macarrão mediterrâneo, o deixei
escolhendo os tomates e quando voltei, estava com um vinho nas mãos. Ele me
fitou com um sorriso e falei:
- Não achei que cerveja iria combinar
muito com a situação... Ainda mais porque não estou a fim de te salvar de novo
de um cara super forte...
- Melhor não correr esse risco! –
Ele me respondeu já em tom de brincadeira. E me ganhou naquela hora, adoro
caras com senso de humor!
Fomos para casa, no elevador, eu
esperava aquele silêncio desconcertante, mas não foi assim, conversamos sobre
tudo. Tudo mesmo! Desde nosso pavor por gente ignorante até a crise econômica
europeia. No meu apartamento, ele se encantou pela Mimi e ele foi a primeira
pessoa por quem ela se interessou em manter algum contato, ronronando, se
esfregou em suas pernas. Cena linda de se ver, enquanto eu começava a misturar
os ingredientes na panela junto com o macarrão e Danilo me dava um apoio moral
experimentando para ver se estava bom o tempero.
Nossas mãos se esbarraram mais
uma vez quando quase deixei a tampa da panela cair no chão, numa das provas de
sabor. Seus braços firmes me seguraram e a taça de vinho tinto que estava na
bancada ao meu lado, entornou na sua camisa branca. Ele tirou a camisa para lavar
a mancha na hora. Suei quando percebi que ele tinha uma tatuagem nas costas.
Adoro tatuagens, são uma das minhas paixões!
Com uma música rolando no fundo,
embalando nosso momento “Mais Você”, nos sentamos à mesa devidamente posta e
começamos a saborear o macarrão junto com nossas taças de vinho. Vinho e a sua
capacidade de me deixar com sorriso fácil. Danilo elogiou meus dotes culinários e o meu sorriso, pegou na minha mão. Tínhamos terminado o jantar. Agora devíamos nos jogar no
sofá e assistirmos ao filme!
Preparei o DVD, joguei todas as
almofadas no sofá maior, já que Mimi já tinha tomado conta do sofá de dois
lugares. Me sentei no canto esquerdo, meio jogada. Ele se sentou ao meu lado e
quando percebi, durante os trailers, eu estava encostada em seu ombro e uma de
suas mãos estava acariciando meu joelho,
o que me fazia sentir arrepios. Sentia o seu cheiro e olhava a sua tatuagem. Que
sentimento diferente era aquele? Intimidade? Talvez. Ele olhou dentro dos meus
olhos e encostou a sua testa na minha. Me aproximei... Seu celular tocou! E ele
se levantou prontamente para atendê-lo. Saiu correndo sem dizer muita coisa.
Não me perguntem se ele foi ou como ele foi para casa, a pé, de táxi, carona ou
teletransporte! Só sei que deixou tudo lá em casa: camisa, DVD, chave de casa e
uma vontade imensa de beijá-lo... Pulei no sofá. Mimi se aconchegou no meu
colo como que dizendo: “Assiste ao filme, bobinha, ele vai ter que voltar para
buscar suas coisas!”. Foi o que eu fiz ou, pelo menos, tentei fazer.
Eu amo contos e crônicas em blogs. Mesmo, mesmo! Tinha um que gostava muito e acabou encerrando. Fiquei com leve deprê de final de livro bom, sabe? haha'
ResponderExcluirComecei a ler esse quarto capítulo e fiquei empolgada. Hoje eu quem estou atolada em cada segundo das minhas horas. MUITA coisa pra estudar e ainda mais pendências pra resolver... Dai coloquei na listinha de próximos afazeres a leitura do início do conto pra acompanhar. Ansiosíssima pra ler!
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Fico MUITO feliz por ter gostado do blog!!! \o/
E é claro! Quando quiser ajuda é só me chamar, vou ter um prazer imenso em te ajudar no que puder. Gosto muito de mexer no html (mesmo não sabendo bem) e dar uma ajeitada no visual do blog.
Beijos, flor!
Ei, Thamy! Bom, ficar cheia de coisas para fazer faz parte da vida, né? Assim que é bom!! Espero que você goste da série e que quando ela terminar, deixe um sentimento de quero mais... =D
ExcluirÉ muito bom ver que você voltou para visitar o blog. Beijão!
Adorei!!! Continue escrevendo, vc é boa nisso!
ResponderExcluirSeguindo com certeza.
Faz uma visitinha lá, bjos
http://valeapena-helena.blogspot.com.br/
Helena! Muito obrigada pelo elogio. Continuarei escrevendo para vocês, sim! Beijos!!
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