24 de abril de 2012

Entre as grades, você ficou.

 Olá, queridos amigos e leitores! O post de hoje fala sobre um sonho vivido, sobre aquelas pessoas que são capazes de nos fazerem sonhar, entram nas nossas vidas por acaso, quando menos esperamos, compartilham momentos conosco e ficam o tempo necessário para se tornarem inesquecíveis de uma forma totalmente positiva. Pessoas que nos fazem ter borboletas no estômago, pernas de bambu e brilho no olhar. Que fazem o tempo parar. E que apenas se vão, assim como apareceram em nossa vida: repentinamente.

Gostaria de lembrar a  que suas histórias e sugestões de temas podem ser postadas aqui no "A vida em miúdos", basta mandar para o e-mail avidaemmiudos@gmail.com. Aguardo sua participação! Boa leitura!

"Um dia é preciso parar de sonhar, e, de algum modo, partir." - Amyr Klink

“Agora eu vou de verdade!”, disse fitando seus olhos vigorosos e verdes, depois de enrolar durante duas horas conversando, beijando e apenas apreciando a sua companhia naquele carro. Depois de irmos a um barzinho e de me levar de volta para casa em segurança, não queria ir embora. Mas abri a porta do carro lentamente, contando os segundos em que ainda podia ao menos compartilhar o mesmo ar que ele. Fechei a porta com nenhuma vontade.

Me arrastei até o portão do prédio da minha tia, não queria olhar para trás. Enquanto procurava a chave certa, que não tinha certeza se queria achá-la, ele veio de mansinho, por minhas costas, e me abraçou silenciosa e calorosamente. Senti seu cheiro extremamente característico e que eu, particularmente, amava. Me virei e continuei entre seus braços. Ele me levantou, tirou meus pés do chão e me beijou.  O encaixe era perfeito, já conhecido e meu primeiro beijo.

Ia à sua cidade sempre que podia para vê-lo, nossa sinergia e história eram dignas de cinema! Ficava sempre na casa da minha tia, não mais tia de “verdade”, já que era ex-esposa do meu tio.  E naquela parede ao nosso lado, ao lado do portão já tínhamos vivido o meu primeiro flagra: meu pai me pegou aos amassos com esse cara. E ele, em vez de sair correndo, agarrou minha mão, me abraçou bem perto de seu peito e permaneceu ali. História de adolescência, eu sei, mas suficiente para torná-lo inesquecível e de grande importância em minha vida.

Enquanto vivia uma época de paixonites na escola, ele apareceu na minha história de repente, sem dizer nada, sem pedir nada em troca e eu, muito a contragosto, deixei a porta do meu coração aberta para que ele pudesse entrar e me dar meu primeiro beijo, com dezesseis anos de idade. Não se assustem!

Valeu a pena esperar. Túlio me acostumou mal, pois nosso beijo, o meu primeiro, foi cheio de emoções. Por quê? Bom, minhas primas me falaram muito mal de sua personalidade, disseram que era mal educado e que com certeza iria tentar ficar comigo no dia daquele show, e que quando eu recusasse, ainda sairia me xingando e não teria paciência alguma. Sim, ele “chegou em mim” e eu disse que não ia dar papo porque ele era chato de acordo com as minhas primas. Ao contrário do que elas me disseram, ele foi muito paciente, conversou e ficou nessa investida por quase três horas! Sim, eu era muito difícil. E quando ele disse alguma coisa bem besta do tipo “Quero te beijar”, eu falei que ele era cafona, ele disse que cafona era a mesma coisa que brega e que isso ele era mesmo, foi quando sacou a sua carteira de identidade e me mostrou seu sobrenome: Brega. E quando finalmente cedi ao seu beijo, começou a chover e a tocar “I’ll always Love You” na voz de uma drag queen que estava fazendo uma performance no palco.

Agora me fala, como alguém conseguiria competir com uma situação dessas acompanhada de um beijo fascinante, um olhar maravilhoso, abraços acolhedores, um metro e oitenta e tantos de altura, um perfume que me fazia viajar aos lugares mais lindos possíveis e uma mente de uma adolescente que nunca tinha vivido aquilo antes?

Logo me vi perdidamente encantada por ele. Conversávamos sobre tudo, tudo mesmo! E para "ficar" comigo ele ainda teve que responder o que achava da Crise Econômica que estava tendo na China, naquela época. Ele não respondeu certo, mas a sua tentativa foi o que me convenceu a dar uma chance para ele. Mas no final, quem me deu a chance de ser eu mesma, de me perceber melhor, viver um sentimento que nunca havia me permitido experimentar, foi ele.

E esse dia era mais um daqueles em que eu podia apreciar a sua simples presença. Olhar para ele e apenas admirá-lo e pensar em o quanto havia sido bom ter aparecido assim na minha vida. E enquanto pensava nele, não tinha lugar para mais ninguém. E quando estava com ele, não tinha amarras, insegurança e medos. Ele estava me fazendo virar mulher.

Por isso não queria sair do carro. Por isso não queria abrir a porta. Por isso não queria subir para o apartamento da minha tia e nem dormir. Para mim, aquele momento poderia ser eterno. Devia. O mundo podia acabar ali. Mas a realidade impera. E ela me chamou.

Ainda suspensa naquele beijo intenso, me afastei olhando profundamente em seus olhos. Ele me apertou bem junto ao seu peito. Enquanto ele segurava uma de minhas mãos, abri o portão. Entrei e o fechei. Entre as grades, disse “Tchau!” e ele replicou “Tchau, não: até logo!”. Respondi com um “Até breve!”, mesmo tendo a certeza ou um sentimento de que não nos veríamos mais, de que aquela imagem dele entre as grades do portão seriam as últimas que teríamos “juntos”. Até hoje ele não sabe que me deu meu primeiro beijo e, talvez, nunca saiba.

6 comentários:

  1. Nossa, que lindo. Parabéns pelo texto.
    Beijinhos

    http://aquifofura.blogspot.com.br/

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    1. Que bom que você gostou, Shirley! É muito bom receber comentários positivos. Me estimula ainda mais a escrever para vocês! Beijo!!

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  2. Então...conheço essa hist! =]

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