20 de abril de 2012

História do que não foi.


Olá, pessoal! O post de hoje é uma história sobre idealização e do que poderia ter sido. Quem nunca quis muito alguma coisa e quando teve, não era tudo aquilo que imaginava? Nos apegamos às expectativas e muitas vezes nos decepcionamos por causa delas. Que tal se desfazer um pouco dos planos, de certas ideias e atitudes e apenas deixar a vida seguir seu curso natural? Calma, não digo para não termos objetivos, mas sermos mais leves em nossas escolhas.

Gostaria de lembrar que vocês podem ter suas histórias e sugestões de temas publicados aqui, basta enviar um e-mail para avidaemmiudos@gmail.com. Abraços carinhosos e tenham uma boa leitura! Espero que gostem!

"A noite é nua na noite de lua cheia. O céu flutua na noite de lua cheia. O amor atua na noite de lua cheia, ocupa a rua na noite de lua cheia." - Noite de Lua Cheia, Gilberto Gil

No aeroporto, de volta para casa, depois de uma semana naquela cidade, procurava desesperadamente por uma janela, uma brecha, um porta qualquer para que eu pudesse olhar a lua. Parecia que ele tinha o relógio perfeito, ajustado junto ao meu, tão certo, que sabia que naquele momento eu precisava de alguma lembrança. Quando chegou a sua mensagem pedindo para que eu olhasse a lua, não acreditei!

Estava no aeroporto de uma cidade distante, jogada num banco pensando em tudo o que (não) havia acontecido. Pela milésima vez, eu era protagonista de um espetáculo que nunca estrearia. Foi quando o celular vibrou novamente anunciando uma nova mensagem em que ele dizia que queria que eu estivesse lá na nossa cidade;  isso era o que eu mais queria naquele momento! Um ombro amigo para esclarecer os fatos ocorridos naquele lugar, ou simplesmente para me fazer esquecê-los. Comecei a me recordar dos fatos...

Naquela cidade estranha e ao mesmo tempo tão íntima, eu tinha acabado de “conhecer” um cara que permeava meus sonhos desde os quatorze anos (?). Sonhos, isso mesmo. Nos falamos por internet. Ele era meu “primo”. Nos vimos pela última vez quando éramos muito novos, talvez tivéssemos cerca de um ano. E aquela viagem era um resgate familiar de raízes, histórias mal resolvidas e emoções. E era o meu resgate íntimo de um sentimento nunca tão bem esclarecido.

Várias vezes trocamos ideias, percepções, opiniões, sonhos e confidências. Mesmo à distância ele era capaz de me fazer experimentar sentimentos controversos e tão homogêneos... Parecia entender cada pensamento avesso que eu tinha.

Essa quase história se arrastou por muito tempo. Vi esse cara engatar namoros. Ir e voltar com a mesma namorada. Me apaixonei por outros garotos. Liguei para ele bêbada. Até que senti o sabor amargo do ciúme, pela primeira vez na minha vida, quando ele se afastou por causa da namorada. Chame de ego, orgulho ferido, o que for, mas para mim era isso tudo misturado com uma pitada de ciúme. Porém, entendi. Muitos quilômetros nos separavam, sonhos nos uniam. O que era tangível?

Então, depois de tantos planos e desencontros, fui para a sua terra. Tentei falar com ele, nada! Mandei e-mail, liguei, mandei mensagem no celular e até pombo correio! Cheguei no desembarque, certa de que não o veria tão cedo. Ele estava lá. Olhei para os lados, mal conseguia me concentrar na minha bagagem que viria na esteira. Qual era a cor mesmo? Minha mala de sempre e os pensamentos de nunca. Passos decididos ao seu encontro e as batidas do coração soavam mais altas do que eles, pernas de bambu, tremia-me toda por dentro. Por fora era pedra. Ele não queria que eu estivesse ali, me parecia. Avistei seus olhos cor de folha e viajei longe. Voltei à realidade e o cumprimentei normalmente. Que cheiro bom! (Agora eu engolia em seco e minha mão estava gelada.).

Conversamos um pouco e o cara que mexia comigo se mostrou. Queria registrar cada detalhe de sua personalidade e a sua voz, seus trejeitos, olhares, cheiro e respiração. Tinha esperado muito tempo por aquilo. Até que descobri que ele estava de viagem marcada com a então namorada, ou o que quer que fosse. Certa de que ele estava namorando e me escondendo dele mesmo, me protegi de minhas vontades e, para não estragar o que quer que ele tivesse com essa garota, fiquei estranha, me afastei. Não tinha saído de tão longe pra criar confusão.

Taxada como fria, por ele, éramos como dois estranhos no ninho. Minha vontade era de pular no pescoço dele e enchê-lo de beijos, carinhos e implicâncias. Me mantive firme. Trocamos poucas palavras e poucos olhares. Saímos. Ele levou a “namorada” na minha despedida. Fiquei possessa. Chorei como nunca, não na frente dele. E fui embora, sem dizer um bom “tchau, fica bem”, sem me esclarecer. Deixei uma carta explicando tudo e na verdade não falando nada. Não obtive uma resposta prontamente (outra espera se iniciava).

Idealização. Ela estraga tudo, gera expectativas. Um tantinho dela e lá estávamos eu e ele sem enxergarmos bem as coisas. Lealdade e caráter me fizeram acreditar que eu estava fazendo o certo. Mas existe o certo? Aquele cara ideal desapareceu dos meus sonhos e da minha vida. O bom amigo, sumiu. As palavras e ideias compartilhadas, nunca mais seriam as mesmas.

A viagem que eu tanto esperei, aquele momento tão imaginado só tinha servido para estragar as coisas. Afastou qualquer possibilidade de duas pessoas que se entendiam serem, ao menos, amigas. Triste, quase história vivida.

Voltei a mim, ainda estava por me despedir daqueles fatos, minhas entranhas reviravam e havia recebido uma mensagem de alguém que me queria por perto e pedia para eu olhar a lua. Respondi: “Peraí, estou no aeroporto...”. Ele me mandou: “A lua é a mesma em qualquer lugar!”. E saí procurando um lugar para obervá-la.

Estava prestes a embarcar... Olhei para o céu. Talvez eu tivesse feito tudo errado: "A lua é a mesma em qualquer lugar." Ela estava linda, cheia! Lá, eu não tinha sido Lua, tinha sido “de lua”. Mandei uma mensagem: “Também queria estar aí com você. Tô chegando!”. Embarquei e deixei a “de lua” do lado de fora do avião. Dali para frente seria Lua, de preferência cheia: de emoções e histórias novas para viver. Fascinante, misteriosa e iluminada,  não importando o céu em que aparecesse. 

Um comentário:

  1. simples fato de pensar antes de fazer haha

    seguindo-te

    http://caraguabeach.blogspot.com.br/

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