28 de junho de 2012

{22} Dias Contados: Olhos verdes de L.A.

Olá, pessoal! Hoje é o último texto da primeira temporada da Série Dias Contados, que escrevo com meu querido amigo Felipe Dias. Não sabemos se ele continua na segunda temporada, ou só na terceira, o que vocês acham?

No último texto adiantamos o tempo e Danilo fala que Raquel está para voltar. Ele deixa claro que Beatriz é uma amiga. Mas, hoje voltaremos no tempo para contar as aventuras de Raquel nos EUA, mais especificamente em Los Angeles, na UCLA (University of California, Los Angeles). A segunda temporada serão os seis meses que ela passará no exterior. Hoje ela conhecerá uma pessoa que será a chave e o vínculo dela com o Brasil. Pronto para descobrir quem é?

Deixo o convite para que curtam a página do blog no facebook para participarem das promoções que virão e ficarem por dentro das novidades! Continuem mandando suas sugestões para o email: avidaemmiudos@gmail.com. Um beijo e boa leitura. Ah, a Raquel mandou avisar que ficará com saudade!


"Coincidência demais para ser ao acaso!"


Esta era eu, esborrachada no chão na frente de umas quinhentas mil pessoas que passavam na calçada em frente à lanchonete que tinha acabado de deixar para trás. Parecia que tinha perdido a minha dignidade, pois todos riam, mas uma menina, a mesma que tinha trombado em mim, não sei se por pena ou culpa, me estendeu as mãos brancas de porcelana e me levantou. 

- Me desculpa! – Me esqueci por um momento de que estava longe, mas bem longe de terras brasileiras. – Oh, I mean, I’m sorry! – Tentei consertar, apesar de que eu realmente não sabia quem tinha trombado em quem. Quis me culpar para não ficar com raiva de ninguém. 

- Perdoada! – Ela me respondeu, ainda se abaixando para pegar minha bolsa que tinha ficado no chão. – Na verdade, acho que fui eu quem trombou em você! – Levantou seus olhos para mim e pude perceber que eram de um verde tão vivo, que chegavam a me intimidar. Por que a genética não tinha me proporcionado um par de olhos assim? Eu seria só sucesso e nunca seria trocada por uma ruiva meio gótica qualquer.... Danilo! Ainda assim eu conseguia pensar na pessoa. 

Havia três dias que tinha chegado em Los Angeles. Aproveitei para fazer umas compras no início de intercâmbio, claro! Era verão e eu podia usar roupas normais. Mostrar as minhas pernas, até! 

Ainda não tinham começado as aulas na universidade, então, eu estava me adaptando à minha host family, minha nova casa e à essa minha liberdade. Era bom estar longe de casa, ainda não tinha dado tempo de sentir saudade, só uma falta da minha rotina e amigas. Apesar de que já morava sozinha, sem meus pais. Sentia uma super saudade das minhas três prediletas! E se alguma delas estivesse ali, com certeza faria um barraco com a pobre da menina que tinha esbarrado em mim. Ok, não seria um barraco, mas seria um encontro regado de ironias... Depois de pensar isso tudo, voltei meus olhos para a moça que me derrubou. 

- Mentira que você também é brasileira! – Pensando bem, acho que aqueles olhos caíam melhor nela, que era loira e uns quatro tons de pele mais clara do que eu. 

- Na verdade, não, sou portuguesa! – Ela respondeu. Aí sim eu percebi o sotaque. Acho que na hora eu fiquei tão impressionada por ela ter me respondido, que não havia percebido o R acentuado, o S arrastado e as palavras carregadas de velocidade. – Mas minha família mora no Brasil... Qual a sua graça? – Ela estendeu a mão esquerda e me devolveu a minha bolsa. 

- Raquel... E qual é o seu nome? 

- Bárbara. 

E Bárbara fez questão de me pagar um lanche novo, disse que estava correndo na hora e que a culpa era dela. Como eu estava me sentindo um pouco só, num súbito, desses ataques de impulsividade que eu tenho, aceitei que sentássemos e conversássemos sobre a vida. 

Conversamos sobre muitas coisas, enquanto eu engolia meu hambúrguer e batatas fritas, alternadamente, ela engatava um papo atrás do outro. E eu reparava nela alguns traços de personalidade da minha mãe. Senti saudade! E me lembrei que devia estar em casa antes das sete, pois eu tinha combinado de assistir ao jogo de basquete do meu host brother

- Bárbara, preciso ir! Foi muito bom te conhecer! 

- O prazer foi todo meu. – Jogou seu cabelo cor de ouro para o lado. Eu fiquei paralisada com o quanto ele conseguia ser liso! Fiquei com vergonha das minhas madeixas. Fiz um rabo de cavalo. Trocamos números de celular. – Na segunda eu te ligo para combinarmos algo, de acordo? 

- Mas na segunda é meu primeiro dia na UCLA (Universidade da Califórnia, de Los Angeles)! Acho que não... 

- Te vejo lá, ora, pois! 

Eu já estava de costas para ela, me virei com cara de interrogação, ela acenou simpaticamente. Sorri. Mais uma coincidência! Pelo menos não ficaria sozinha falando português. E a forma que ela me lembrava a minha mãe, me dava arrepios! Inclusive aquela jogada de cabelo cinematográfica! O bom é que ela já morava em Los Angeles tinham cinco meses, e tinha se proposto a me ensinar a chegar em alguns lugares que eu queria conhecer! Além do mais, apesar de não conhecê-la de verdade, percebi que ela poderia ser uma boa companhia de balada! Não sabia, mas Bárbara seria uma grande amiga!

Fui em direção à estação de metrô, o sol ainda estava belo. Quando percebi que estava atrasada! “Que droga! Por que o por do sol daqui não é que nem no Brasil??”. Saí correndo, deixei a brisa amansar a minha alma. E nem Danilo, Antonio ou Pedro fizeram parte dos meus pensamentos naquela noite, só a vitória e uma ótima atuação do Patrick no jogo de basquete, que me rendeu um bom banquete antes de chegar em casa, umas boas celulites por causa de um balde de refrigerante e uma mensagem da Bárbara: “Raquel, você está em casa? PRECISO da sua ajuda...”. Mal conhecia a menina e ela já precisava da MINHA ajuda? Mas liguei para ela:

- Alô, Bárbara, o que houve?

O silêncio se fez presente. Eu gelei.

2 comentários:

  1. Essa aparição me parece ter sido...bárbara =P

    http://lagartaechapeleiro.blogspot.com.br/

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