Olá, meus queridos amigos e leitores! O texto de hoje trata de uma observação que fiz sobre as pessoas, depois de vivenciar algumas experiências e ter algumas conversas, acabei fazendo um link entre uma situação cotidiana no supermercado e o acondicionamento que o ser humano vem fazendo com seus sentimentos e emoções. Estamos na "Era dos Amores Enlatados", que vêm com manual de procedimentos, onde não há espaço para autenticidade, naturalidade e troca verdadeira de pensamentos e experiências...
Bom, gostaria de lembrar que suas sugestões de temas, críticas, histórias e dúvidas são sempre benvindas e respondidas no email avidaemmiudos@gmail.com. Espero a sua colaboração! Um grande abraço e boa leitura. Aguardo seus comentários!
Ontem eu estava no supermercado e
fui escolher algo para o lanche da noite. Enquanto me via em meio a várias
possibilidades, perdi meu irmão de vista e saí em uma busca desesperada atrás
dele. Havia deixado meu celular em casa, então, depois de muito andar, resolvi ficar
parada na seção de bebidas (que fica bem próxima à parte onde ficam as frutas)
e esperar que ele me achasse, o danado é mais esperto do que eu, cedo ou tarde
daria o seu ar da graça! De repente me surgiu uma dúvida: levaria suco de
caixinha ou frutas para fazer um suco natural?
Então, iniciei uma observação
involuntária dos consumidores que passavam por ali, percebi que eles preferiam
comprar o suco preparado, envasado e colocado na prateleira por outros
indivíduos que nem conheciam. Vários sabores fabricados, era só chegar ali na
frente, pegar e colocar no carrinho de compras. Ao mesmo tempo, a seção de
frutas ficava mais parada, só umas poucas pessoas se dispunham a escolher
laranjas, limões, abacaxis e maracujás e levá-los para casa... Comecei a olhar àquilo
com olhar de raio-X e tentei entender o que estava acontecendo.
Os indivíduos estão dispostos a
pagar mais caro por industrializados, por pura comodidade, assim é mais fácil,
não? Mesmo que esses venham com um sabor não tão bom quanto o natural, sempre
sem surpresas. As pessoas, cômodas, acabam se adaptando aos seus sabores. Não
deveria ser o contrário? Estão preferindo enlatados previsíveis, a selecionar,
empacotar, pesar, lavar e deixá-los a seus gostos. Assim estão fazendo com os
sentimentos, tornando tudo ao seu redor extremamente sem encantamento, sem
gostos diferentes. “Estamos vivendo a síndrome do suco de caixinha.”, pensei.
Estamos acostumados com sensações
iguais, enlatadas e distribuídas em massa. E não procuramos ser diferentes.
Sentir virou um jogo, cheio de regras, sem espaço para a autenticidade e
desejos. O outro virou objeto e nós nos tornamos, a cada dia, robôs moldados pela
sociedade que anda cada vez mais egoísta, conformada e limitada, quanto às suas
emoções. Não se pode ser e nem sentir genuinamente.
Se você gosta de uma pessoa e
demonstra interesse, não pode porque ela se afasta e tem noventa e nove por
cento de chance de sumir da sua vida. Se tem vontade de ligar, acaba não
ligando, porque o outro pode achar que você está apaixonado. Se escutou uma
música ou viu alguma coisa que te lembrou a pessoa, não pode falar, porque é um
sinal claro de interesse. Sinceramente, as pessoas estão se tornando covardes.
Será que não há espaço para amizade? Será que alguém gostar de você é algo
negativo? Por que tanto medo e insegurança com situações tão banais?
Situações tão cotidianas estão se
tornando verdadeiros mistérios que precisam ser desvendados a cada dia. Uma
ação acaba tendo vários possíveis significados e no final, temos receio de
perguntar ao outro o que ele quis dizer realmente.
Dizer o que sentimos deveria ser
simples e prazeroso, mas vem se tornando doloroso e vergonhoso. Se expressar não
é mais normal, é sinal de fraqueza num mundo onde a vida é corrida e sutilezas
deixam de ser notadas por nossos olhares treinados. Deixa-se de valorizar o
interior, questionamentos, ideias e as pessoas ficam vazias, sempre procurando
preencher um buraco que se torna mais profundo.
O que buscamos está dentro de nós
mesmos! Não sabemos mais sentir, desaprendemos a amar, a ver a vida com
paixão... Mas como reaprender a sentir? Emoções, assim como as frutas, devem
ser cultivadas, colhidas com cuidado, quando nos são oferecidas, devem ser
selecionadas, envolvidas, pesadas (pela balança do coração), guardadas e
devidamente adaptadas aos nossos gostos, tudo bem que pode haver vezes em que
fique um pouco azeda, mais doce ou sem gosto, o segredo aqui é admitir que se
ficou desse jeito, a responsabilidade foi sua e não de alguém que preparou.
Devemos parar com esses joguinhos
tolos e deixarmos as situações rolarem, palavras fluírem a simpatias surgirem.
Porque se estiver a fim de jogar, não chame alguém para uma saída comum, chame
para uma partida de xadrez, que, pode acreditar, desenvolve muito mais o
pensamento estrategista e no final, será uma experiência de grande valia.
Bom, creio que felizes eram os
nossos ancestrais, que escreviam cartas de amor, dedicavam músicas e poemas aos
seus amados, davam rosas e faziam serenatas sem se preocuparem com o que poderiam
achar, já que era normal. Amar é normal, minha gente, acondicionem isso em suas
mentes!
Meu irmão reapareceu entre esses
tantos pensamentos que se fizeram em minha mente, um alívio enorme se instalou
dentro de mim e nisso, vi uma pessoa escolhendo seu suco, disse para ela em
pensamento, querendo que todos escutassem: “Faça diferente hoje, chute essa
pilha de sucos de caixinha que se coloca em sua frente!” - e abrace, ligue,
demonstre seus sentimentos, escolha, dance na chuva, observe o por do sol e não
se conforme com o que lhe é imposto. Abra-se e abrace novas sensações e o
autoconhecimento. Fortes são os que se arriscam, são os capazes de reconhecer
suas emoções!
Se alguém te chamar de fraco, tolo,
louco, idiota... Lembre-se de que muita gente vive à procura do amar e não vive
o amor. Pare de procurar: e sinta (e viva). Porque amar, é sentir, sentir é
viver. Preferível é morrer de tanto amor do que morrer sem nunca ter amado (e
na minha humilde opinião, sem ter vivido).
Me dirigi às frutas e com muito
cuidado escolhi um belo de um abacaxi para descascar e adoçá-lo para meu consumo.
Por debaixo daquela casca grossa e "coroa cortante", há delícia, pode
acreditar...
Belo texto. Você conseguiu fazer uma observação bem realista do mundo ao redor e ao mesmo tempo fazer uma aplicação direta ao mundo dos sentimentos, apreciei muito esta leitura, obrigado por compartilhar...
ResponderExcluirEi, Peullo! Obrigada pelo elogio! Seus textos é que são maravilhosos, até hoje não houve um que não gostasse!
ExcluirBeijo!
É isso, exatamente isso! Não quero ter medo dos significados atribuídos a cada gesto ou palavra meus! Gosto sim de vc, vc aí ó! Presta atenção fulano/a que isso quer dizer exatamente isso que eu disse, que gosto de vc. Não é pedido de casamento, pressão de compromisso, negação de amor mais forte, nada dessas bobagens que tantos fulanos e fulanas têm me dito em interpretações que só fazem diminuir nossa vontade de falar que gostamos uns dos outros...
ResponderExcluirAdorei seu comentário. Sem mais. Dele pode surgir um post.
ExcluirPor isso eu sempre digo que nasci na época errada...
ResponderExcluirNada, nós é que estamos fazendo as coisas erradas.
ExcluirAdorei o comentário da Alice! E adorei o texto, prima! Sei bem como é essa síndrome e concordo com vc, ta mais que na hora de nos livrarmos dela...
ResponderExcluirÉ, prima, temos que nos livrar dessas emoções enlatadas... Não valem de nada... Um beijo!
ExcluirMuito legal o texto..gostei do jeito como atribuiu os sentimentos aos produtos industrializados...Realmentes hoje em dia as pessoas estão cada vez mais "artficiais" e consequentemente mais "superficiais"...acho que ainda vai ficar pior. =/
ResponderExcluirQto ao abacaxi..rs..prefiro que descasquem pra mim..kkkkkk
beijinho e valeu pela visita no meu cantinho.
Nina
Muito bom o post amiga e o comentario da Alice inspirador e verdadeiro. São tantas explicações que temos que dar para uma coisa tão natural que a vontade de fazer essas coisas infelizmente some.
ResponderExcluirConsigo me identificar nesse texto. Muito bom...é pra que eu possa entender porque pessoas ao meu redor abrem mão facilmente de sentir, sofrer e viver.
ResponderExcluirSofro, logo vivo! Eu penso assim e tento por em prática.
Parabéns!