Olá, hoje é o dia mais lindo do ano! Há exatos 21 anos, estava nascendo essa japonesa meio índia, meio francesa, meio... Enfim, meio mundo inteiro! O post de hoje conta a história do meu nascimento e é uma homenagem à mulher da minha vida: a minha mãe. Confesso que me emocionei muito e a Lara, que mora comigo, chegou aqui no quarto e eu estava com olhos marejados enquanto escrevia. Espero que você goste.
Aqui ficam os meus parabéns para a minha amada e querida mãe! Parabéns por ter tido tanta coragem, me dedicado tanto amor e por me aguentar por 21 anos. Te amo!
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"Os homens são como os vinhos: a idade azeda os maus e apura os bons." - Marcus Cícero |
Era dia 11 de abril de 1991, enquanto o Conselho de
Segurança das Nações Unidas declarava o cessar fogo oficial da Guerra do Golfo,
encerrando uma fase de dor e desespero, lá estava ela com esperança e lágrimas
no olhar, misturados a tantas expiações e alegria. Eram as contrações anunciando
o início da chegada de uma nova vida que mudaria para sempre a percepção, os
dias, as noites e os pensamentos daquela mulher.
Sozinha, ali naquele hospital, em meio àquelas dores que já
se estendiam desde a madrugada e que só cessariam às dez horas e trinta
minutos, quando a filha daria seu primeiro choro no mundo, ela pensava só em
como poderia dar à garotinha motivos para sorrir, como poderia educá-la e criá-la
sem o pai. Era órfã, sabia a falta que um pai e uma mãe faziam na vida de uma
pessoa. Ali ela entendia que seria mãe e pai ao mesmo tempo, aquela criança seria o seu mundo e a razão dos seus dias.
Viveu dois anos com o grande amor da sua vida e desse amor
nasceu essa menina, maior prova de que aquele sentimento havia sido tão
verdadeiro.
Esse bebê já tinha mudado e muito a vida daquela mulher
mesmo antes de nascer. O pai da menina, covarde, a rejeitou. A mãe teve que
deixar a faculdade no último período de Jornalismo. Foi expulsa de casa. Morou
com um irmão, que adoeceu e faleceu por causa de uma leucemia, se mudou para a
casa de uma irmã, em outro estado, que passou por uma crise conjugal e todos
que olhavam de fora, diziam que a culpa era dela. Não tinha, mais uma vez, para
onde ir.
Ela sofria, conversava com a menininha e tirava uma
força enorme de dentro de si mesma para poder seguir em frente, as duas juntas.
Seriam melhores amigas, sempre. Foi então que a mãe de sua melhor amiga, vendo
aquela história se desenrolar daquela forma, de coração aberto, ofereceu a sua
casa para ela poder iniciar a caminhada com o bebê que nasceria. Não só abrigo,
ela foi, também fazia questão de ser a madrinha da menina.
Sozinha, ela teve as primeiras contrações em casa. Fernanda
queria vir ao mundo mais cedo, uma semana antes da data prevista, que era o dia
18 de abril, dia do aniversário do pai que a rejeitou. Acho que ela não quis
ser vinculada a ele de qualquer forma. A vida era dela, nem tinha nascido e já
tinha personalidade!
Quando a mãe ouviu o primeiro chorinho da filha, alívio e
medo tomaram conta dela. Mas a felicidade foi enorme! A mesma felicidade de
quando a chamou pela primeira vez de “mamãe” ou de quando deu seus primeiros
passinhos com os bracinhos abertos só para dar um abraço cheio de afeição nela,
depois de chegar do trabalho. Felicidade
de quando a menina acordava no instante que a mãe a tirava do seu colo na
tentativa de colocá-la para dormir no berço e entendia que ela queria que
ficassem juntas, sempre. Mesmo sentimento que renasce a cada conquista da filha.
Àqueles que duvidaram da sua capacidade de criar sozinha e
dignamente uma criança, a prova viva está aqui: Fernanda. Com seus vinte e um
anos. Hoje menina, hoje mulher. Cheia de força, sonhos e expectativas e
colecionando triunfos. Diferente. Profunda. Humana. Mas não comum..
Fernanda que se revolta e se comove com o noticiário. Que
tem vontade de mudar o mundo, que nunca se cansa de tentar. Que erra, acerta.
Que não teme o futuro, pois sabe que é alguém que pode modificá-lo. Que gosta
de futebol, da beleza dos dias ensolarados, da singularidade das pessoas, do
burburinho causado por crianças, do frio na barriga provocado por um beijo
verdadeiro, que gosta de discutir sobre política. Que aprecia o viver.
Naquele dia 11 de abril de 1991, morria a guerra e nascia
uma guerreira*. Guerreira criada por outra, mãe de fibra, de coragem.
Simplesmente e completamente, MÃE!
Nota: *Fernanda, tem como definição: "GUERREIRA".
Que lindo!
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