Enquanto o MEU mundo girava ao meu redor, sentada naquele
sofá nojento, via no rosto das pessoas a minha volta: espanto, decepção,
comoção, pena e resquícios de felicidade.
Era a virada de um novo ano e eu tinha acabado com a
comemoração de desconhecidos. Mais um vexame para a minha coleção. Na boa? Eu
nem ligava! Para variar, tinha estragado tudo, mais uma vez. Bom, ninguém se
importava se a minha vida estava na beira de um penhasco e eu me sentia até um
pouco aliviada por poder compartilhar um pedaço do meu caos interior com aquelas
pessoas. Eu não estava feliz, então por que elas emanavam felicidade? Aquele
vômito no sofá era até reconfortante, para mim. Deprimente, não?
Ser assim, sem limites, sem rumo e sem noção não me orgulha!
Mas é isso o que sou, foi nisso que a vida me tornou. Vida que não vem sendo
fácil para mim e, sinceramente, não tinha muito o que comemorar ou do que me
orgulhar neste ano que passou. Como brindar a uma vida fracassada? A uma
família destruída? A mais uma mudança repentina de cidade e de estado de
espírito? Quando as coisas iriam se acertar?
Não fui a filha ideal, a estudante brilhante, passei metade
dos meus dias de porre, deprimida jogada na cama ou fingindo sorrisos que saíam
rasgando as minhas entranhas. A felicidade não me pertencia e parece que meu corpo
sabia disso, porque quebrar um pé doía menos do que me arrancar um sorriso.
O que a vida vinha me oferecendo não era nada animador, era
uma seqüência quase cinematográfica de um drama daqueles bem pesados e
profundos.
Minha droga de vida estava falida, em todos os sentidos,
estava me sentindo a personificação do fracasso, era alguém que ninguém seria
capaz de amar. Via todos os meus romances e promessas de romances arrumando
novos amores, meus amigos trabalhando e se virando muito bem em seus legados, e
eu... EU? Estava lá sempre no ponto de partida. Por que eu não era capaz de
terminar qualquer coisa que havia começado?
Talvez você queira saber que nem sempre fui esse
monstro. E talvez você não acredite, mas
essa pessoa já teve muitos sonhos e vontade de alçar vôos altos... Tinha
ambição, era bela e vaidosa! Era a preferida entre os caras em qualquer lugar.
Era a promessa da família, quase perfeita. Fazia um bom curso, tinha um
bom emprego e os melhores mentores do mercado, era a preferida da empresa. E ia
se destacando até que... Sua vida desmoronou! Se tornou isso!
E fui atrás de novas experiências, bebidas mais
fortes, sensações mais extasiantes... Peguei aquelas meninas na balada, estive
com duas pessoas ao mesmo tempo e não tem uma melhor amiga que eu não tenha
beijado. Fui para a cama com
desconhecidos. Troquei pessoas por outras como se fossem mercadorias. Usei e me
deixei ser usada. Experimentei. E quis morrer nos dias seguintes aos fatos...
No final eu era mercadoria. Eu era uma droga sentada naquele
sofá e meu mundo girava, girava, mais veloz e veloz...
Se eu tinha uma alma, provavelmente ela saiu junto com o que vomitei! Pelo menos não precisaria mais me redimir de meus pecados para
entrar num Céu. Se é que existe Céu. A promessa de um paraíso para abrigar um
ser como eu, tão cheio de defeitos era inadmissível. E me redimir de tudo o que
vivi e fiz, era me tornar alguém que não sou e não era já tinha muito tempo!
Depois de me darem um bom banho, me lembrei da queima de
fogos de artifício que acabara de presenciar, me recordei da minha felicidade
momentânea e das luzes que brilhavam e se apagavam (assim como eu), e aquelas
luzes eram a promessa de um ano melhor. Cheguei até a acreditar, por alguns
minutos, antes de apagar, que poderia ser resgatada daquela lama. Por fora eu
era aquela pessoa linda e glamourosa, mas por dentro, era um lixo, pedaços das
memórias de quando estava sóbria, resquícios das ressacas. Eu até tinha sido
feliz...
Quem sabe eu merecesse estar ali, toda molhada e humilhada
após terem me banhado; não tinha forças e nem dignidade para me despir e tomar
um banho decente, quiçá de viver uma vida brilhante, não acha? Se eu pudesse,
tomava mais uma dose da bebida mais forte e apagava, mas tinha acabado de
acordar!
Voltando para casa eu lembrei dessas pessoas que me socorreram,
me resgataram nas horas difíceis, que me abraçaram, me deram um olhar de carinho,
me deram forças quando precisei, que se preocuparam gratuitamente com uma “perdida”...
Me lembrei de quem me proporcionou momentos felizes, boas risadas, de quem fez
questão de me ter por perto e de passar por isso tudo comigo. Mesmo eu não fazendo
questão alguma.
Bom, 2012 não começou como eu queria. 2011 não foi como
quis. Mas a vida não é como esperamos, mas somos nós que definimos os caminhos
que seguiremos, se viveremos os dramas ou seremos o drama.
Resolvi me desfazer dos planos. Talvez ter errado tanto não
fosse tão ruim assim, alguma coisa eu devo ter aprendido com isso tudo. Não
posso ser ingênua e querer voltar a ser o que era... Hoje sou o que sou por ter
passado por todas essas situações. Posso ser uma pessoa melhor, quem sabe?
Quero ser a pessoa que me salva, que me ajuda, ser meu porto
seguro. E me encontrar perdida em algum lugar, pode até ser que já tenha me
encontrado!
Em meio a tantas resoluções de ano novo, fiz a minha
tardiamente. Só me dei conta do que não quero ser hoje, no dia primeiro. Mas
como não sou usual e sempre me atrasei em compromissos, me recuso a ser comum.
Agora é meia noite e meu ano começa agora, no dia 02 de janeiro. Porque tudo o
que foi erro, vexame e que não me acrescenta positivamente, ficará no ano que
passou. Pego uma taça transbordando de champagne e brindo com você:
Feliz dia 02 de janeiro de 2012! Feliz, MEU, Ano Novo!
teu blog é simplesmente incrível, adorei os posts, principalmente este q me chamou muito a atenção...já estou seguindo e deixo aki meu humilde convite para q me sigas também... voltarei sempre!
ResponderExcluirwww.paullolenore.blogspot.com
Muito obrigada pelo elogio! Fique à vontade para dar sugestões!! Volte sempre!
ExcluirOlá moça!
ResponderExcluirAcho que esta é a primeira que passo por aqui e já gostei muito, me identifiquei muito com alguns pontos de teu texto, não no caso do porre (acho que não tomo um faz tempo), mas no tocante aos rumos que a vida toma, sei bem o que é esta sensação de não pertencimento ao mundo à nossa volta que parece cada vez mais mesquinho...
"Minha droga de vida estava falida, em todos os sentidos, estava me sentindo a personificação do fracasso, era alguém que ninguém seria capaz de amar. Via todos os meus romances e promessas de romances arrumando novos amores, meus amigos trabalhando e se virando muito bem em seus legados, e eu... EU? Estava lá sempre no ponto de partida. Por que eu não era capaz de terminar qualquer coisa que havia começado?"
Acho que vou cobrar direitos autorais sobre o trecho acima, pois até parece uma cópia de minha vida, difícil acreditar que é autobiográfico...
Beijão!!!
http://www.facebook.com/sublimeirrealidade
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Olá! Que bom que gostou do blog! Sempre que tiver sugestões, é só falar!
ExcluirO bom do "A vida em miúdos" é poder abordar assuntos que podem fazer parte da vida de qualquer pessoa. Escuto muitas pessoas me falarem que parece que eu copiei e colei o que aconteceu ou estava acontecendo com elas!
Esse é um blog feito para e por leitores, por isso, espero que sempre possam se identificar com as histórias!
Beijos!
http://www.youtube.com/watch?v=ZR0v0i63PQ4
ResponderExcluirSenti algo parecido como uma (interna) agora. hahaha
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