18 de junho de 2012

{19} Dias Contados: As lembranças vão na mala.

Olá, queridos leitores! Gostaria de agradecer ao carinho e também pela continuidade de visitas mesmo neste final de semana em que não tivemos postagens novas e nem Dica de SEXta. Bom, há um ser humano aqui por detrás deste blog, então, né... Imprevistos acontecem!

Hoje é dia de "Dias Contados, êba! Raquel viajou e deixou tudo para trás, inclusive Danilo que não conseguiu se despedir dela. O que acontece depois disso? Descubra AGORA!

Convido a todos que curtam a página para participarem de promoções e ficarem por dentro das novidades do blog. Um grande beijo!



Sem despedida. Sem sinal. E sem resposta.

- Maldita a hora em que resolvi sair da minha zona de conforto e vir aqui... – Cheguei o mais perto de pude da área de embarque, mas não foi o suficiente. Ela havia partido. E eu havia ficado com perguntas sem respostas. Andei em direção à saída, mas não tinha forças. Atravessar o prédio correndo foi muito pra mim. Resolvi me sentar. Naquela altura do campeonato, até as cadeiras duras e azuis de aeroporto eram confortáveis. Respirei e olhei para o celular novamente, com a esperança de uma resposta. Nada.

- Também acho. – Era só o que me faltava. Elisa. Ressurgindo diretamente do meu passado para atormentar o meu presente. A conheci antes mesmo de ter me envolvido com Raquel. Ela era uma das coisas que preferi omitir. Desnecessário falar, desnecessário me lembrar.

- Olha, não vim aqui pra criar problemas. Tenho meus motivos...

- É, eu sei. Você e seus motivos... Olha, se ela não se despediu pessoalmente de você, é porque ela tem os próprios motivos. - No colegial tinha me tornando amigo de Elisa. Pessoa agradável, de riso fácil e extrovertida. Fomos cúmplice em várias confusões. E uma delas foi ter passado de amigo para “namorado” dela. E por motivos pessoais, terminei.

- Se tem algo pra me dizer, seja direta... – A meu ver já tínhamos passado da idade de indiretas. Como não tínhamos terminado brigados, o fim foi estranho. Conturbado. Eu com a convicção de me afastar dela, e ela buscando respostas. As quais eu não sabia como dar.

- Não tenho nada pra falar, não... Só queria te lembrar que o culpado de tudo, foi você. Ela gostava mesmo de você. E você conseguiu estragar!

- Estamos falando dela... Ou de você?! – A cara de assustada que se formou em seu rosto indicou que era de Raquel. Mas era óbvio que o inconsciente de Elisa falava ali também. Palavras que uma vez ela usou para explicar o nosso término, estavam sendo usadas novamente naquele momento – Olha, desculpa... Eu vou embora.

- Vai ser assim, sempre? – Já havia me virado de costas pra ela e seguia para a saída novamente. Com ou sem forças, ficar ali não era uma opção. Mas o tom de pergunta na sua voz, junto de uma sutil provocação me fez parar e me virar – É. Assim: você saindo correndo quando as coisas ficam sérias!

- Como é que é? – a raiva surgiu. Sabia que tinha feito escolhas erradas. Mas será que ninguém percebeu que eu tinha mudado? – Para começo de conversa eu não estou correndo de nada! Quem sabe de você, afinal foi você que veio até mim, já com cinco pedras na mão! Acusando-me de tudo e mais um pouco! – tomado pela raiva de ouvir aquele discurso de novo e pela frustração de não ter dado adeus à Raquel... Estava prestes a dizer tudo que havia guardado só pra mim, em relação à Elisa. Estava prestes a... - E depois foi você...

- Licença, "tá" tudo bem aqui? – Havia se aproximado por trás de Elisa uma mulher de cabelo vermelho sangue. Parecia deslizar pelo saguão com passos rápidos sobre seu vestido longo, preto, destacando a cor de sua pele tão clara, e lisa. Trouxe com ela um olhar forte mais afável e um sorriso amplo deixando visíveis dentes tão brancos quanto leite. Colocou-se ao meu lado e cruzou seus braços nos meus. Sem tirar, sequer por um momento, os olhos de Elisa.

- Ham? Mas já...? – No primeiro momento Elisa teve que engolir tudo, que provavelmente, iria dizer em seguida como resposta. Ela simplesmente abriu a boca. Não saíram palavras. Estava em choque. Seu olhar se fixou nos lábios fartos e foi subindo... O piercing, na sobrancelha, em forma de mamona, nas cores laranja e espinhos verdes se destacavam naquele rosto curvilíneo. Mas não chegavam nem perto da atração natural que aqueles olhos traziam, eram gemas de jade no lugar de olhos. Ela exalava convicção e desafio. E não demonstrava qualquer sinal de que sairia do meu lado, seja lá o que fosse ser dito por Elisa perdeu-se em sua mente quando mil e outros pensamentos vieram em relação àquela mulher. E a mim.

- Beatriz Feuer, prazer. E você é? – Aquela pergunta foi à deixa para eu cortar por ali... A última coisa que queria era Elisa falando suas verdades na frente dela.

- Passado. – Respondi. Fechei a cara, e a mão no braço de Bia, e a guiei para longe dali. Enquanto deixava Elisa queimando seus neurônios. Decidi que não havia muito mais o que fazer. Raquel havia partido. Elisa havia visto demais. E futuramente falaria demais. Bia já sabia o suficiente, até então, sobre o meu passado. E não queria que isso mudasse naquelas circunstâncias.

Fomos pro estacionamento e nem sequer uma palavra sobre Elisa foi dita. Bia apenas me perguntou se estava com fome ou se que queria ir a algum lugar em especial. Longe. Bem longe dali já bastava, pensei. Havia quase me matado para chegar a tempo para a despedida e agora me mataria de novo para sumir dali. Tinha acordado atrasado e o carro estava na revisão. O trânsito um nojo. No desespero liguei pra Bia. Ela tinha moto e havia dito que ficaria em casa no fim de semana. Pedi uma carona e recebi, até, um convite para beber depois. Parece até que ela sabia que acabaria assim... Realmente cairia muito bem uma cerveja agora. Odeio quando as coisas saiam do controle. Odeio chegar atrasado.

Decidi ir para minha casa mesmo. Ainda tinha bebida da última festa que rolou no apartamento com os moleques e ainda dava para improvisar uns drinks com o que sobrou. Trabalhar a noite como bartender tinha suas vantagens. Enquanto jogava o casaco no pufe e falava a tradicional frase “Não repara na bagunça”, fui me preparando para tentar explicar o que havia rolado no aeroporto. Mesmo ela não parecendo sequer ter se importado ou pensando mais no assunto depois que saímos de lá. Mas ainda assim, eu achava...

-Olha Bia, aquilo que rolou no aeroporto...

- É passado. – ela completou – Relaxa Danilo. Quando você estiver pronto para me contar mais sobre o seu... Passado. Eu estarei, sempre, aqui. Você sabe... – Sorri. Compreensão era um valor muito forte nela. Ela também tinha começado a sorrir enquanto caminhava de costas direção ao sofá. Sua franja caiu sobre seu rosto quando ela pulou sobre o meu “divã”. Soprou a franja para longe. Estava descabelada. Linda. – Agora... Porque você não faz logo aquele mojito que você tanto se gaba?!

Enquanto preparava a bancada na cozinha dava para ouvir Bia se divertindo ao tentar decidir qual música escutar. Ela acelerava cada uma delas para saber qual era, a seguir cantava um trecho toda animada e finalizava simplesmente passando para a próxima. Tínhamos nos tornado muito próximos em pouco tempo, uma das festas em que fui em junho me possibilitaram conhecê-la. E a liberdade que ela me dava, a atenção e os sorrisos me capturaram. Ela raramente vinha até mim em busca de respostas, entretanto... Sempre tinha perguntas na ponta da língua. Não me sentia pressionado ou caçado. Mas, sim, querido. Ela me entendia, ou ao menos, me respeitava. E naquele dia, enquanto íamos nos conhecendo mais, decidi contar, alguns, dos meus segredos e frustrações... E no fim, ela me beijou a testa e disse:

- Qualquer que tenha sido seu passado, você tem um futuro imaculado... Lute por ele.

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