15 de maio de 2012

Viver é deixar ir...


Olá, pessoal! O post dessa terça-feira é uma reflexão sobre nós mesmos, que temos a estranha mania de remoer os sentimentos, nos prendermos às coisas, pessoas e sentimentos, esquecendo que viver é leve e que devemos deixar a vida fluir. Devemos praticar o desapego. Mas, quem se desapega em demasia, também deixa de viver histórias. Encontrar o meio termo é o caminho para experimentarmos novas emoções e nos abrirmos verdadeiramente ao VIVER. Então, vamos viver! 

Gostaria de lembrar que suas histórias, sugestões de temas e críticas serão sempre benvindas, basta enviá-las para o endereço avidaemmiudos@gmail.com. Aguardo a sua contribuição. Um grande beijo e boa leitura!

"Deixar partir o que não te pertence mais, deixar seguir o que não poderá voltar, deixar morrer o que a vida já despediu... O que foi já não serve, é passado e o futuro ainda está do outro lado." - Caio Fernando Abreu. (É, Caio, eu concordo em partes com você, só o que foi ruim pode ficar eternamente para trás.).

We’ll meet again, música da compositora britânica Vera Lynn, marcante na voz de Johnny Cash. Meu irmão tem a mania de tocá-la para mim quando me vê partindo ou quando tenho dificuldade para pegar no sono. E sempre que pode, ele diz: “Essa é você que canta para as pessoas da sua vida.”.  Sempre discordei, talvez por nunca ter parado para ouvi-la com "bons" ouvidos. Ouvidos da alma. Nos acordes que me fazem recostar e dormir em meio a pensamentos mais leves, depois de escutá-la lá pela terceira vez, resolvi analisar a letra, a musicalidade, a voz de Cash e os sentimentos que ela me desperta.

“But I know, we’ll meet again some sunny day.”. Cantei com uma naturalidade e uma leveza tão comum, como se deixar sentimentos, pessoas e experiências entrarem e saírem da minha vida fosse banal. E assim é! Assim sou.

Meio dormindo e meio acordada, procurei no fundo da minha memória alguém que eu não tivesse deixado sair da minha vida. Não achei. Procurei sentimentos mal resolvidos, onde estavam? Vasculhei minhas entranhas e não encontrei um erro que me paralisasse agora. Estranho? Não creio nisso.

As pessoas se agarram a momentos, questionamentos que muitas vezes não precisam ser remoídos. Sempre parti do princípio de que se algo incomoda, deve ser mudado. Não adianta ficar batendo sempre na mesma tecla. É como ler o mesmo livro várias vezes: você sempre vai saber o início, o decorrer da história e o seu final. Então, não dá para esperar nada de diferente, se não mudarmos o título. Por isso, deixar a vida fluir, se deixar e o que estiver ao seu redor livres, te fará ver o mundo com mais clareza, leveza e sua cabeça se abrirá para a beleza que é viver. Sem amarras, sem medos, sem cobranças, resíduos de pensamentos e desperdício de sentimentos ou tempo.

Devemos oferecer quietude à nossa mente e limparmos nossos atos. Aprendendo assim a valorizar nossa estadia na Terra. Vivendo plenamente, com sorriso no olhar e palavras suaves surgindo de nossas bocas. Transmitindo o calor de nossas mãos a quem precisa e entrelaçando nossos dedos com os de outro alguém durante nossa caminhada. Mesmos dedos devem aprender a se soltarem quando os do outro não quiserem mais permanecer ali.

Se prender para quê? Se essas mãos te soltarem, é porque não é mais para estarem ali, estão abrindo espaço para outras que podem ou não se segurarem por mais tempo. Temos que aceitar. Aceitação é algo que falta em nossos pensamentos. A maioria das pessoas fica atolada em sensações passadas, palavras ditas e no que poderia ser. As coisas não podem simplesmente SER? E se foi, FOI! Era para ter acontecido. Era para ter sido dito. Se não foi dito, pode se dizer em outra situação. E se foi feito, era para ter sido feito. Se não fez, não era para ser. Chegará a hora. Tudo tem a sua hora certa.

Pessoas entram em nossas vidas, passam. Algumas permanecem, outras voltam. Assim como emoções, assim como pensamentos. Somos humanos, mutáveis. Não dá para exigirmos do nosso destino definições ou querer prender algo em nossa vida. No final ficam as marcas, impressões do que foi e é isso o que importa. É no que nos tornamos, o que clareamos dentro de nós.

Por isso prefiro olhar para tudo e todos em minha vida, seja bom ou seja ruim, e simplesmente partir. E deixar partirem. Mas isso me faz incógnita, o que poderia ter sido. É o risco que corro, pois ainda não aprendi direito a usar esse poder de liberdade. Ainda não me definiram, ainda não me conheceram de verdade. Nem eu mesma. Um dia, quem sabe, eu serei capaz de entrelaçar meus dedos de verdade com os de alguém (não só ter a facilidade de soltá-los) e juntar meu corpo ao de alguém, não só corpo, mas alma, pensamentos e emoções.

No fim, o que permanece é o que deixamos livres. Livres para ir, mas também para voltar. O caminho de volta tem que estar aberto. Só sei usar a partida, fazendo com que os outros marquem a trilha até o meu encontro com migalhas de pão e não com pedrinhas. Só que isso não adianta, pois os pássaros aparecem e comem as migalhas, fazendo com que as pessoas se percam quando tentam voltar. Tenho que aprimorar isso. Enquanto não aprendo, sigo dizendo e cantando para o mundo: “We’ll meet again, don’t know where, don’t know when... But I know, we’ll meet again some sunny day...”.

Pensamentos voluntários se findam, a voz do meu irmão junto aos acordes do violão ficam distantes... E durmo. Me vejo subindo em um trem e partindo. Novamente. Só que ao invés de largar a mão de alguém e carregar a mala, acontece o contrário. Mas essa, já é outra história...

Nota: "We`ll meet again" foi composta em 1939, marco do início da Segunda Grande Guerra e reflete o espírito dos combatentes naquela época.

2 comentários:

  1. Tudo tem a hora certa para acontecer... !! Custei, mas também aprendi !! Este foi o seu texto mais marcante para este momento da minha vida... Levarei comigo suas palavras, com certeza... Passei por um momento mto estranho e ao mesmo tempo delicado da minha vida, justamente por ter este mesmo jeito desapegado que vc citou no texto... inconsientemente sofri, mesmo achando que estava tudo bem... Mas agora já estou entrando em "consenso" comigo mesma, e aceitando... Espero conseguir fazer a minha estadia aqui na Terra valer a pena.. Bjussss

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  2. Amei amei amei, ainda não conhecia esse blog, mais já vi que minhas visitas por aqui serão frequentes! Parabéns...

    http://viaspensantes.blogspot.com.br/

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