28 de maio de 2012

{13} Dias Contados: Piatto del Giorno

Olá, pessoal! Hoje é dia de mais um texto da Série "Dias Contados", como todos já sabem! Se você não conhece, vale a pena conhecer a história e seu desenrolar, é só clicar aqui: "Textos anteriores".

Bom, Raquel e Danilo estão numa sinuca de bico. Danilo já sabe que Laura está grávida, mas não sabe ainda se o filho é dele. Raquel vai pagar uma dívida com o ex, Antonio, indo a um almoço com os pais dele que vieram direto dos EUA para conhecerem a moça. Depois da viagem de Danilo, Raquel ficou divida entre ele e o ex (que roubou um beijo dela num jantar "amigável"). E agora, Raquel? E agora, Danilo? Descubra o que vai acontecer no texto de hoje, que foi de autoria do Felipe Dias.

Gostaria de convidá-los a curtirem a página do "A vida em miúdos" no facebook para participarem de uma promoção de Dia dos Namorados. Mesmo que você não namore, não tem problema porque ela vai ser bem legal. Aguardo suas sugestões, dicas, críticas e dúvidas no email avidaemmiudos@gmail.com. Um grande beijo e boa leitura!


"Nada é por acaso, porque até o acaso tem seu próprio caso." 
O destino é inexorável (?), e devo tudo a ele. Principalmente aquela tarde... 

Não faziam nem cinco dias que estava de volta à cidade e fui intimado a comparecer em um almoço, com Laura e família. Além de, é claro, não ter conseguido encontrar-me com Raquel, era semana de prova, entende? "Que calor!". Liguei o ar condicionado do carro, não chovia, mas sabia que nenhum vento lá fora iria me ajudar a relaxar! Laura dizia que seus pais queriam conversar. Queriam "A" minha palavra. Meu filho. Meu futuro. Fiz uma curva meio rápida e me vi saindo do transe pra perceber que já estava próximo do restaurante. Piatto Del Giorno. Não sabia o que iria comer naquela tarde, mas sabia o que iria ouvir. Já tinha os conhecido antes e aquela conversa não seria nada... Amigável. 

Estacionei. Respirei. Suei frio. Estava vestido o mais formal possível. Afinal, seja lá o que fosse decidido naquele dia, eu tinha que mostrar que era homem de honra! Sempre fui fã das virtudes medievais. Honra. Família. Justiça. E se a criança fosse minha eu iria dar a ela tudo aquilo que me foi negado. Um pai. Cheguei ao hall de entrada, já estava mais tranqüilo. Aquele ambiente italiano me acalmava. Mesas com toalhas em xadrez vermelho e branco. Paredes de tijolinho com aquelas imagens de vários e deliciosos pratos da casa. Comecei a salivar. Saco vazio não para em pé, e também não raciocina. O restaurante estava repleto de pessoas, sons e cheiros. 

- Aqui! Estou aqui! – era a expressão de Laura. Seu braço erguido se destacava no recinto. Ela estava muito bonita, e sorridente. Já eu... Tinha levado um gelo de Raquel. Pretendia chegar; sentar; comer; conversar e sair. E nem um minuto a mais. Tinha chamado Raquel pra sair depois do almoço fatídico. Recebi um não. Ela tinha um compromisso. 

- Boa tarde! – foi o que recebi do pai de Laura. Carlos Alberto, seco, direto, alto, forte, reservado, flamenguista (doente). 

- Quanto tempo, Danilo! Como está? E a faculdade? E sua mãe, vai bem? - Ana,a mãe: amigável, gentil, miúda, falante, descontraída. 

Laura, com certeza uma mistura dos dois. Ao menos o pai não tinha dúvidas de que ela era sua filha. Sentei-me após a cortesia e me deparei de frente para Carlos Alberto. Minha ex-sogra gostava de chamá-lo carinhosamente de “MEU Capitão”. Evitava imaginar o porque, deduzi que decorria do fato dele ser ex-militar. Assim como deve ter vindo daí o pedido dele de ser sempre chamado de senhor e receber sempre respostas com: "Sim, senhor!" ou "Não, senhor!". Nunca me considerei um anarquista, mas aquilo era demais! Ele fez o pedido, nem cheguei a olhar o cardápio, tive que entreter Ana e Laura que me encheram de perguntas e achavam que eu sabia, ou queria, falar de roupas de neném ou como se trocava uma fralda. 

Em mais uma das diretas e acusadoras perguntas de Alberto. Nas quais ele me fitava nos olhos, sem vacilar, eu pedi licença e fui ao banheiro. Tinha voltado a sentir calor. Sequer olhei pros lados, quanto mais pra trás. Eu já fazia Italiano II na faculdade, "Lui" dizia na placa, "Ele" em italiano. Entrei, lavei as mãos e o rosto. Respirei fundo. Agora sim, de volta para o fronte de batalha. Olhei para o espelho para ver se tinha algo nos dentes, e no reflexo vi um par de pés em uma das cabines. Salto alto (?). Era óbvio que alguma mulher na pressa de usar o banheiro, nem ao menos se deu o trabalho de tentar traduzir a placa ou perguntar a algum garçom, e arriscou. Bati na porta da cabine. 

-Licença, moça. Acho, quero dizer: você entrou no banheiro errado. Quer ajuda? Prometo manter segredo. Pode confiar em mim. – Coloquei um sorriso no rosto para tranqüilizá-la. Sua porta foi se abrindo, enquanto ela se abria, meu sorriso se fechava. - Raquel? O que estava fazendo aqui? - Antes de qualquer resposta ela me fez tirá-la de lá. Vi em seu rosto preocupação e vergonha. Ela me puxou para um canto do restaurante. 

- Vim para o meu compromisso... E sem querer entrei no banheiro errado. – Logo me vieram mil e outras perguntas – Estou pagando uma divida. – Com quem? Ela não parava de olhar em direção à minha mesa – Olha, depois eu te explico. Tenho que voltar pra minha mesa. Estou há mais de 10 minutos no banheiro. Depois, tá? – E saiu a passos largos. Nem me olhou nos olhos, nem ao menos... 

Voltei procurando a mesa de Raquel. Trombei com um garçom. Pratos e talheres no chão. E meu queixo também. Naquele momento, mais do que inoportuno, todos se viraram pra ver o que houve, assim como Raquel, e Antonio. Peraí, Antonio? Só podia ser ele. O cara que parou em frente ao prédio na festa de Helena. Ele era o compromisso? Tinha algo acontecendo e não fui avisado. E era na mesa atrás da minha mesa. Todo aquele nervosismo do momento que cheguei me impossibilitou de ter prestado atenção ao meu redor. Trocamos olhares. Ela desviou. 

Sentei-me. O capitão fechou a cara, exalava desaprovação. Ana tinha ido ao banheiro com Laura. Ele abriu a boca querendo iniciar uma pergunta. Desistiu, distraindo-se com sua cerveja que acabava de chegar. Uma solitária gota de suor desceu pelas minhas costas, sabia o que veria pela frente até o momento que as mulheres voltassem. Tinha que me mostrar à altura. Tinha que iniciar a conversa. Tinha que... Descobrir o que Raquel estava fazendo na mesa ao lado com aquele... Peguei-me olhando duas ou três vezes para minha direita. Ele reparou. Mal conseguia vê-la, mas ao menos conseguia ouvi-la. Então tive uma ideia. Arriscada, mas quando se joga o jogo da vida, ou você ganha ou você trapaceia...

E naquele momento percebi que para ter o que eu queria, teria que atrapalhar um almoço!

2 comentários:

  1. Vixe, lascou o esquema...acho que agora não tem muito jeito Raquel...uma escolha talvez tenha de ser feita...(sei lá, gosto do Danilo, mas por algum motivo desconhecido me inclino a dizer que o Antônio pode ser bem interessante!)

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  2. É. Alice, mas veremos o desenrolar dessa história, te garanto que muita coisa vai acontecer nesse almoço. E ainda tem o fato de Laura não ter conversado com Danilo a sós. Essa história tá mal contada, você não acha? =)

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