{14} Dias Contados: Coincidência pouca, é bobagem.

Olá, pessoal, estamos de cara nova, o que acharam? Hoje é quinta-feira, dia de mais um texto da série que está dando o que falar: "Dias Contados" que escrevo com meu amigo Felipe Dias. Se você não conhece Raquel, Danilo e suas confusões, clique aí em cima na aba "Dias Contados" e se delicie com essas histórias!

No último texto, Danilo e Raquel se encontraram por acaso em um restaurante cada um almoçando com a respectiva família de seus ex-namorados. Danilo vai assumir o filho? O filho é de Danilo? Raquel vai aceitar? Laura vai dar show? E Antonio, como fica? Descubra mais um pouco do desenrolar dessa história agora!

Convido a todos a curtirem a página do "A vida em miúdos" no facebook, aqui nessa caixa do lado esquerdo. Espero suas dúvidas, críticas e sugestões no email "avidaemmiudos@gmail.com.". Um grande beijo e boa leitura sempre!

"Toma conselhos com o vinho, mas toma decisões com a água." - Benjamin Franklin

Danilo: no mesmo restaurante em que eu estava num almoço com a família de Antonio. Era tudo o que eu NÃO precisava. Os dois no mesmo recinto, além do meu coração, ocupando o mesmo espaço, de formas totalmente diferentes. Me convenci de que aquilo era castigo. Castigo por não ter dito nada a Danilo a respeito do almoço, de ter omitido e ainda ter evitado qualquer contato com ele durante a semana.

Agora estava com um na minha frente e com o outro atrás de mim. COMO isso era possível? COMO? Olhei por cima de meu ombro esquerdo e reparei na mesa de Danilo, percebi que sua ex-namorada-futuramente-mãe-de-seu-possível-filho estava ali junto com aqueles que pareciam ser seus pais. Espera aí, o que era aquilo? Piada com a minha cara, só pode! Fiquei esperando a produção do programa dominical aparecer e fiquei procurando as câmeras ocultas pelo recinto. Infelizmente, não vi nada de diferente.

Os pais de Antonio eram pessoas muito agradáveis e já estavam me convidando a conhecer os Estados Unidos e passar as férias com eles. Naquele momento, eu aceitaria uma viagem até pro Tibet, queria que o tempo passasse correndo e ir pra casa "ver" a minha cama.

Comecei a reparar na mesa vizinha. O senhor, Capitão, pelo que ouvi, estava pedindo uma posição de Danilo a respeito da criança.

- É claro que eu vou assumir! – Então ele ia assumir a criança mesmo sabendo que ela podia não ser sua filha...

- Não é possível! -  Exclamei em plenos pulmões, mexi tanto a cadeira que bati na cadeira de Danilo! Poderia jurar que foi sem querer, mas no final, foi bom ter atrapalhado seus pensamentos!

Eu ouvi a palavra casamento. Nas duas mesas. Na minha, de forma descontraída:

- Isso vai acabar em casamento... – Brincou Dona Angélica, segurando a minha mão e dizendo que aquela aliança tinha sido dela. "Chupa essa manga, Raquel!".

Na mesa de trás:

- Então, rapaz, você já pensou em casamento? Com a minha filha? – Perguntou friamente o pai de Laura.

Eu podia ouvir tudo, tudo mesmo. Acho que Danilo também, porque penso que ele deu a minha resposta e eu respondi a dele...

- Nem brinca! – Respondeu em voz alta Danilo.

- Se disser que sim, eu te mato! – Quase gritei.

Não sei o que o Capitão fez, mas Antonio me olhou assustado, assim como seus pais.

- Sabe, mãe, Raquel tem um grande senso de humor... Poderia ser comediante! Não é mesmo, AMOR? – Se quer me desestruturar, me deixar com raiva, me chame de AMOR.

Tenho tanto senso de humor, que incomodada com a situação, peguei uma taça de vinho que estava na minha frente e propus um brinde. Bati talher na taça e levantei o braço direito. Antonio me acompanhou para não me deixar só nessa. Luis, o meu “sogro” achou o máximo e ficou todo animado. Dona Angélica não entendeu direito, mas foi educada o bastante para me olhar atentamente.

- Proponho um brinde. Um brinde ao amor verdadeiro! Aos casais perfeitos, às pessoas que nascem umas para as outras. Que têm seus destinos traçados na MATERNIDADE! E que nunca seja dúvida, a PATERNIDADE!

Danilo se levantou em um pulo, se virou e derramou o conteúdo de sua taça em minha roupa. Desastrado! Não bastava derrubar a bandeja do garçom... Ele me olhou com olhar de desaprovação, meu discurso causou um reboliço em sua mesa. Corri para o banheiro, dessa vez, o correto: Laura já estava lá.

- Danilo será um bom pai, você não acha? – Ela teve a falta de respeito de me perguntar. Continuei lavando a minha blusa, não queria olhar nos olhos dela. – Aquele discurso foi pra mim?

- Ele vai ser um ótimo pai. ÓTIMO! Não perderia meu tempo fazendo discurso para VOCÊ!

- Você tinha que estar aqui para atrapalhar as coisas! Desde que entrou no caminho de Danilo, ele está mudado... Está meio perturbado... Mas, fique tranquila, pois ele não questionará a paternidade! É melhor sair do MEU caminho!

Olhinhos de gato quando quer dar o bote, ela os mirou para mim, não sabia que tinha a Mimi para ensinar suas artimanhas. Segurei o pulso dela com uma força razoável:

- Você só não toma uma "bifa" porque eu respeito mulher grávida e essa criança não tem culpa de estar aí dentro!

- Raquel, venha aqui, quero falar com você! – Era Danilo batendo na porta do banheiro. A mãe do filho dele viu ali a oportunidade perfeita para ser a vítima.

Abri a porta do banheiro, Laura em meio a gritinhos histéricos e lágrimas dizia que eu era uma doida e que a tinha dito coisas horríveis. Que era para abortar a criança. Era seu "bote". 

- Danilo, eu nem vou perguntar em quem você acredita! Só te dou um aviso: Um bom escritor não vive de meias histórias! Não vai se arrepender depois se deixar alguma coisa "passar batida"! - Ele não veio atrás de mim, afinal, Laura estava trancada no banheiro fazendo cena. E quem ganha de uma grávida nessas horas?

Antonio viu toda a confusão, ele também estava na porta do banheiro, no instante em que Danilo veio segurar a minha mão para que eu ficasse, ele interferiu, segurou firmemente em minha cintura e me levou até a mesa.

- Gostei do seu discurso, essa daí tem circunstância para ser uma Carrano. - Disse seu Luis arrancando risadas de sua esposa.

- Luis, guarde suas piadinhas para depois... Vamos, Raquel, querida, acho melhor continuarmos esse almoço em outro lugar, vamos para o apartamento do “Tony”! – Dona Angélica, muito simpática, se levantava e vinha em minha direção. – O que fizeram com a sua roupa? Mancharam-na toda!

Antes só tivessem manchado a minha roupa, porque a minha crença de que eu e Danilo poderíamos ficar juntos “No matter what” também estava. Em meio a esses pensamentos, os dedos de Antonio se apertavam em torno de mim e aquela segurança começou a me atormentar de novo. Olhei para a aliança, caminhamos em direção ao carro e, antes de entrarmos, o beijei. Tenho esse impulso de beijar as pessoas.

- Obrigada. – Disse para ele me afastando. Um sorriso se fez em seus lábios. Ele nem conseguiu responder. Entrei no carro.

- Até que enfim! Já estava achando que esse namoro era de fachada, porque não tinham trocado um beijo até agora! – Disse Seu Luis com seu tom de escárnio de sempre e uma boa risada.

Não me permiti responder nada, uma pontada se fez em meu estômago. "Esse namoro era de fachada. Era?" E partimos para uma nova história...